Por Daniel X.
A Volta da Lagoa dos Ingleses faz parte do evento All Limits, que e acontece no Condomínio Alphaville. Também faz parte da All Limits a prova de Triathlon (da qual a organização está se tornando referência), Travessia e Mountain Bike.
Participei do evento na sua primeira edição,
em 2011 (AQUI), onde saí com várias ferroadas de abelha. A altimetria não foi divulgada pela organização e pegou muitos corredores de surpresa, sendo a única corrida em que pensei em caminhar até hoje. Aventuras a parte, foi uma das corridas
top de 2011, e por isso fiz questão de participar do mesmo. Assim como faço questão de não participar mais de eventos que deixaram a desejar, também faço o possível para voltar aqueles onde saí satisfeito.
Um grande ponto positivo foi a possibilidade de fazer a inscrição em três pontos na cidade, já que pela internet cobrava-se taxa, cobrança que atualmente sou contra.
Ao contrário de outros organizadores, quem promoveu este evento também não tem resistência em emitir nota fiscal referente ao evento.
A retirada do kit foi em uma loja no bairro mangabeiras, que é um lugar de fácil acesso (o melhor local que considero para retirada de kits é o Shopping Boulevard). A retirada foi rápida e, o kit contou apenas com camisa e nº de peito. Não veio com nenhuma propaganda (eu deixo as propagandas no próprio local).
Geralmente não tenho nenhum tipo de ansiedade no dia que antecede as provas. Mas dessa vez, realmente fui dormir com o pensamento focado neste evento. Os motivos são justificáveis, pois, estou ainda em tratamento para embolia pulmonar, e essa seria minha primeira corrida com percurso acima de 10 km desde que iniciei o tratamento. O evento também seria um preparatório para a Volta da Pampulha. Sem falar que a última vez que corri na chuva fui parar em um hospital...
Apesar das chuvas que ocorreram durante a semana, hoje o dia amanheceu apenas com uma garoa e um leve vento frio, que tornou a clima ideal para se correr.
Cheguei bem cedo no local da largada. Os atletas foram chegando aos poucos e, a quantidade de participantes foi bem abaixo do que eu esperava.
Uma lagoa de verdade, e não aquilo que se tornou a Lagoa da Pampulha...
Haviam poucos banheiros, mas proporcional ao número de corredores presentes. Além disso, o próprio condomínio conta com sanitários e estacionamento.
A largadas estavam previstas assim:
- 08h00 – Largada HI LIMITS – Corrida Cross Country 13k
- 08h30 – Largada LOW LIMITS – Corrida Cross Country 7k
Devido a semana chuvosa, já esperava um lamaçal durante a corrida, o que exigiria mais cautela ainda, pois, assim como a maioria dos corredores, não usei calçado adequado para corrida cross country.
O percurso foi aparentemente bem elaborado, e percorreu no sentido oposto ao das últimas edições. Um ponto positivo, pois não deixa que o evento se torne repetitivo.
No primeiro quilômetro da prova o trajeto contava com subidas, descidas, e percurso plano, no asfalto. Logo depois adentrando na mata. A partir daí começou a verdadeira cross country, com estrada de chão, poças de água e lama, buracos, e tudo que uma verdadeira aventura tem direito.
Até aí estava indo tudo bem, com marcação de quilometragem, sinalização, staffs presentes em pontos importantes. Porém, por volta do quilômetro 2.5, próximo ao Minas Náutico, os atletas foram atacados por um enxame de abelhas (assim como nas edições anteriores). O ataque dos insetos aconteceu bem em uma descida, e como o chão estava escorregadio, muitos vieram a cair. O enxame foi tão intenso que algumas pessoas pularam dentro da lagoa. Próximo ao local dessa intercorrência havia uma ambulância, e vários corredores se dirigiram a mesma para atendimento, pois, muitas pessoas estavam apresentando reações alérgicas, como edema facial e na região do pescoço.
Perguntei ao homem que estava dentro da ambulância (não sei se era enfermeiro) se havia algum anti-histamínico, para ser administrado nas pessoas que haviam sido picadas. Porém, o mesmo se mostrou desconhecedor do que se tratava esse tipo de medicação. Como tenho curso de pronto socorrismo pela Cruz Vermelha, eu mesmo peguei a caixa de medicações e achei a medicação: maleato de dexclorfeniramina 2 mg, ou
POLARAMINE. Embora não seja a primeira opção no caso de
choque anafilático, era a única escolha que eu tinha no momento. Distribuí um comprimido para cada uma das pessoas que estavam apresentando reações mais graves, como, dispnéia e edema facial. Também usei aparelhos que levava no meu cinto para aferir Sat O2, pulso e pressão arterial de algumas pessoas.
O Sr. José Doutor, um idoso de 89 anos, sofreu queda e varias picadas no rosto. Solicitei ajuda de alguns corredores para me ajudarem a retirar vários ferrões que ainda estavam no rosto de José Doutor.
Atletas ajudavam uns aos outros a se livrarem das abelhas que tinham ficado presas nas roupas ou cabelos.
Enquanto estava ajudando no atendimento dos atletas, também comecei a sentir sintomas de anafilaxia (levei aproximadamente 20 ferroadas), meu pescoço apresentou edema, uma leve falta de ar e taquicardia.
Fui encaminhado à ambulância, onde já haviam quatro pessoas a espera de atendimento. Foi quando alguém gritou que uma pessoa havia desmaiado. Então mandaram que todos os que estavam na ambulância descessem para atender à essa intercorrência mais grave.
Assim não vi outra opção a não ser ligar para o SAMU, pois vi que o evento não tinha estrutura para este tipo de intercorrência. Fui encaminhado ao Hospital Biocor, juntamente com outros atletas, onde recebi anti-histamínico endovenoso e fiquei em observação durante algumas horas.
A corredora Drika Jardi , registrou em fotos aquele momento de desespero:
A quem culpar? À Organização? À Mãe Natureza? Os próprios corredores, por estarem invadindo o espaço das abelhas? Não sei. Só sei que colocar minha integridade física em risco é uma coisa que não faço, e foi a última vez que participei de um evento dessa organização.
Alguns atletas comentaram que se fosse feito uma vistoria no percurso antes da largada, esse problema poderia ter sido evitado. Também não sei...
Enquanto estava na ambulância, ouvi alguém dizendo que a Low Limits havia sido cancelada.
Não tive mais notícias das várias pessoas que sofreram as picadas de abelha, mas espero que todos que passaram por aquele momento de desespero, tenham se estabilizado e saiam sem nenhum tipo de sequelas, a fim de que o evento não se torne uma tragédia...
Esta foi a ÚNICA prova que não completei até hoje.
A Juliana Falchetto também fez um relato da prova em seu
site, RunJun:
A pior prova da minha vida.
Vivian Dombrowski, também postou sobre o caso em sua coluna, no Papo de Esteira:
Seu médico está preparado?
FOTOS GRATIUTAS: Em breve
AQUI!