Por Daniel X.
Essa semana fiquei sabendo através de uma matéria de Matheus Henrique (Ribeirão Preto Online), sobre uma campanha contra os "corredores pipoca", que foi lançada por uma organizadora de eventos.
Todos que acompanham este blog, sabem que sou contra usufruir do evento sem pagar, mas que também sou contra a privatização de VIAS PÚBLICAS para realização de eventos, uma vez que, conforme tão bem citado no artigo 5° da nossa Constituição Federal, é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz.
Na minha opinião, se a pessoa não está atrapalhando o andamento da prova, ela tem todo direito de usar o percurso do evento, fato que já citei na matéria "Corredor de Verdade Vs. Corredor de Modinha, Correr de Pipoca, e outras Polêmicas..." (AQUI).
Mas a questão é que, essa não é a primeira aberração que vejo por parte de organizadores de corrida de rua no que diz respeito a usar de propaganda para segregar corredores.
Em 2011, uma organização fez o anúncio de seu evento com um teor preconceituoso e elitista que foi publicado no regulamento da prova: "Assim como nas duas primeiras edições, o 3° Desafio Perini 10K terá capacidade para até 1.000 inscritos. Vindo principalmente das classes A e B, o público é diferenciado, composto por formadores de opinião e com bom poder aquisitivo. São homens e mulheres vindos dos bairros mais nobres de Salvador, com mais de 26 anos, em sua maioria empresários, aposentados ou trabalhadores da área de saúde, administração, direito, educação e engenharia. Os participantes incluem ainda atletas amadores e profissionais"
Posteriormente o cartaz preconceituoso foi substituído devido a protestos nas redes sociais.
Confira o cartaz original:
O que vamos ter agora nas corridas de rua? Um apartheid? Que campanha virá a seguir? Algo do tipo: "essa corrida é voltada para pessoas de etnia caucasiana"?
Em 2012, no blog de esportes do site SouBH, um organizador de corridas postou a seguinte matéria: "Penetras na Corrida". Ao começo da matéria, parecia haver um esboço de inteligência por parte do autor, ao citar o termo "Apropriação indevida", se referindo ao fato de usufruir de um evento sem estar inscrito. Mas logo nas linhas que se seguem, a matéria desanda, onde pode-se ler termos pejorativos como "maior prova de burrice e ignorância", "bandidos","Quero saber a opinião de vocês com o aumento dessas pessoas “sem noção”. Palavras que ao invés de moldar uma nova cultura nessa modalidade esportiva, gera preconceitos e segregação dentro de uma classe.
Que os corredores brasileiros são desunidos, e que muitas vezes se vendem por uma cortesia, estamos cansados de saber. Agora, cair na onda de organizador para segregar outros atletas (mesmo que não inscritos) é ser muito vulnerável ao marketing barato dessas empresas.
O que organizadores querem é seu dinheiro. E estão certos. Vivemos numa cultura capitalista, graças a Deus. Eu não gostaria de estar vivendo à sombra de Che Guevara e CIA. Mas é preciso ter prudência para não se tornar uma marionete de corporações.
Então, não se deixe manipular por este tipo de propaganda. Tenha opinião formada. Cobre DA ORGANIZAÇÃO mais segurança, mais infraestrutura, mais respeito.
Usufruir do evento sem pagar é errado mesmo, inclusive podendo ser enquadrado como crime. Por outro lado, instigar a intolerância e impedir o direito do cidadão de ir e vir também é crime.
Se existem muitos casos de pessoas usufruindo sem pagar, é porque os organizadores não montam uma infraestrutura adequada para o devido controle de hidratação, medalhas, etc. Contratam poucos funcionários, que muitas vezes mal conseguem reabastecer os postos de hidratação, e que ainda por cima são mal remunerados.
Lançarem campanhas instigando corredores a fiscalizarem os eventos é o fim da picada, afinal, já estamos pagando (e caro) para que os organizadores façam este serviço.
Se organizador não quer que corredor "pipoca" usufrua de seus eventos, que contrate funcionários suficientes para fazer este tipo de fiscalização. Corredor vai ao evento para se divertir, não para trabalhar para organizador de corrida. Parecem estar perdendo a noção de quem é o verdadeiro patrão nesta história: O CLIENTE.
Então, caros organizadores, saibam quem são seus patrões: Nós, os corredores!
Talvez você tenha achado muito radical o título da matéria. Mas lembre-se que toda segregação social começa com um movimento discriminatório. E é isso que estou vendo nessas campanhas.
Outras matérias a respeito:
hahahahaha
ResponderExcluirTem como não rir?
Se organizador teve a capacidade de vender inscrições, não entregar a prova, colocar a culpa na burocracia, cancelar o evento e afirmar que só devolverá o dinheiro das inscrições SE OS INSCRITOS(isso mesmo) arrumarem um patrocinador para a prova, eu acredito em tudo.
Pior que a desunião é ver corredor se achando malandrão, espertão, colocando foto no facebook de medalhas(várias da mesma prova) roubadas pós correr sem inscrição e contar vantagem.
São tantos os absurdos que tenho presenciado que estu perdendo a esperança na humanidade. Cada um no seu quadrado, cada qual olhando para próprio umbigo e AZAR do resto(para ser educado).
Daniel, boa abordagem, mas infelizmente só tende a piorar e até virar ameaça a você. parabéns!
Pode escrever também sobre os "mendigos virtuais" ou ... deixa pra lá...
Abraço
Colucci - @antoniocolucci
Colucci, em 2013 me tornei um órfão virtual, rsss. Nem internet eu tenho mais. Graças às benditas NET e GVT. Li sobre a Villain Cross lá no seu blog, mas vou cometar dispois. Estou colocando as conversas em dia aos poucos. E é claro, continuo lendo as postagens dos caras que são minhas referências, que são os que marquei nesta postagem.
Excluirhttp://www.reclameaqui.com.br/4685443/gvt/gvt-e-o-desrespeito-ao-consumidor/
Qto a bandidagem na Villain Cross, vale de tudo: reclameaqui, procon, juizado de pequenas causas, e o mais importante, divulgação. Mesmo que o desgraçado não pague pelo que fez, pelo menos que fique com nome sujo na praça. Mas como Vc disse, só tende a piorar e até virar ameaça...
Cara, vou te contar... Estão tentando, e pior que também conseguindo, transformar as corridas numa coisa ridiculamente chata. Estou vivendo um ano sabático (ou quase). Achei que ia sentir muita falta, até pelas quase cinquenta provas oficiais que fiz em 2012. Pelo contrário. Chega a me dar um certo alívio ficar longe de gente que pensa assim. E, pior, que ainda tenta criar um exército zumbi...
ResponderExcluirAbraço e obrigado pela visita e mensagem lá no novo blog.
Namiuti, em 2013 só corri uma. Interessante é que tb não senti falta nenhuma das corridinhas que eu costumava ficar sedento para participar. Agora só provas que valem a pena e que acrescentem algo a mais. Só fiquei com vontade de ir na Volta do Cristo, mas estava (estou) lesionado.
ExcluirEste ano só faço questão de participar de umas 5 provas. Uma já está na contagem regressiva, e só um milagre me colocará na linha de chegada. Mas posso ir fantasiado de Sr. Milagres...
Foi o que disse para o Daniel, tenho evitado me chatear com os eventos. Até comentei lá no blog que se fosse para fazer a corrida e sair criticando melhor seria não participar. E é o que tenho feito. A gente se estressa tanto, depois vê que tem corredores nem aí e só a gente lutando.
ExcluirMelhor é evitar ir, e isso já tá se repercutindo nos eventos. teve corrida aqui que prorrogou inscrição, fez promoção e tudo e nada... vamos ver, tenho fé de que este boom uma hora cessa
Aqui tb está ficando assim Dart. Apesar de sempre estar aparecendo novos adeptos na corrida devido à moda, a quantidade que está saindo parece ser maior que a quantidade que está entrando. Como eu disse na matéria "Depois de ser interditado pela Justiça...", eventos estão anunciando "últimas vagas", mas estão sobrando centenas e centenas de kits, mostrando que ficaram longe de atingir a meta prevista.
ExcluirQto a evitar, esse ano participei só da Run4Parkinson (e valeu a pena). Em 2012, nessa época eu já tinha participado de 12 eventos. Ou seja, minha participação caiu mais de 100%.
A constituição brasileira concede o direito de ir e vir para todos os cidadãos. Que os organizadores, capitalistas construam pistas exclusivas, em condomínios particulares. Com o ouro que estão cobrando pelas inscrições, com certeza capital eles tem.
ResponderExcluirValquiria, nossas Leis são ótimas na teoria, mas na prática. Basta ver o que Vc passou (e está passando) por causa de uma má organização de evento. Estou torcendo p dar certo.
ExcluirObrigada Dani pela força!
ExcluirAgora fico possessa quando leio, como em um dos artigos:" ... garantindo suporte médico, seguro contra acidentes... "
Em uma das provas, dos mesmos organizadores, consta no item 18 do regulamento :
18. A organização irá disponibilizar aos participantes do evento ambulância para prestação de primeiros socorros em caso de acidentes. Caso necessário, o atendimento médico de emergência será efetuado na rede pública.
Quem quiser averiguar : http://www.latinsports.com.br/viverbemsalvador/regulamento.html
Parabéns Daniel Xavier! O Apartheid do Brasil diferente do que existiu na África do Sul é muito mais preconceituoso com a classe social do indivíduo que propriamente com a raça, o "muito pobre" aqui é mais invisível que um cachorro de madame, risos!!!, lembra do Caso do Bóris Casoy - http://www.youtube.com/watch?v=uI-ALaP_8xU
ResponderExcluirMe lembro desse caso, Amigo. Eu ainda tinha a ilusão de que aquele cara valia alguma coisa. Acabou mostrando a verdadeira face por trás das câmeras.
ExcluirE sim, nosso Apartheid vem do bolso.
Daniel,
ResponderExcluirMuito bem colocada a tua manifestação.
Porém, mais do que uma discriminação com os "pipocas" (não apóio este tipo de participação) é a discriminação em razão dos preços cobrados pelas inscrições.
Você não citou expressamente a organização que estaria fazendo discriminação.
Mas, em relação ao preços cobrados nas inscrições cito, por exemplo, as Corridas da Adidas, onde as inscrições são R$90,00 (a última). A Fila Nigth Race (antiga Fila Night Run)em que a inscrição é R$120,00, dentre outras. Corridas patrocinados ou promovidas por grandes marcas, sem premiação em dinheiro e com estes valores exorbitantes da inscrição.
Minha posição: boicote a este tipo de exploração. Não participo destas corridas.
Valeu pela divulgação.
Julian
http://www.julianrunner.com.br/
Julian, coloquei dois links: a de um site fazendo campanha contra os "pipocas", e a de um organizador usando de termos pejorativos para classificá-los.
ResponderExcluirColoquei tb um banner e parte do anúncio de uma organização, que cita classes sociais como atrativo para seu evento. Além de outras matérias de blogueiros que tb expõem seus pontos de vista.
Qto aos preços, vai quem tem. Não sou contra aumentarem os valores. O evento é deles. É como Vc disse: boicote. Minha participação será apenas em eventos que valem a pena, independente de preços.
Depois passo lá no seu blog.
na condicao de atleta e curto e grosso que sou noa gosto muito de enrolar e pra mim essas corridinhas não passam de lixo só da corredores que tem um poder aquisitivo falando só pra atrapalhar agente que quer um otimo tempo nas provas e fim de papo
ResponderExcluirVerdade, Mario. Este tipo de corrida se assemelha mais à uma festa, e para quem busca ótimos tempos como Vc, não vale a pena.
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