sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Transição Barefoot: Me Libertando do Tênis

Imagem:Google
Por Daniel X.

Lembro que quando era criança, perto da casa da minha avó havia um cara que só andava descalço. Me parecia meio hippie e seu apelido era Buzza.
Sempre achei intrigante o fato da escolha de andar descalço, mas como eu achava que era um cara desleixado, não estranhava muito.
Hoje, aproximadamente 30 anos depois, Buzza (não sei o nome dele até hoje), constituiu família, e é enfermeiro. Quando está de serviço, usa roupa branca, estetoscópio, e SAPATO branco. Ou seja, acabou se adaptando. Certo? Errado. Algumas semanas atrás, fui à casa de minha avó, e vi aquele cara que, no passado me causava estranheza, e hoje é motivo de admiração, pois, Buzza ainda anda descalço.
Mas porque contar essa história? ...

Em abril deste ano, enquanto tentava sair de um quadro de depressão (ainda vou contar isso no blog, afinal, isso aqui já virou um divã, mesmo), me inscrevi na caminhada do evento Run 4 Parkinson.
Não estava com ânimo para participar (ainda mais de uma caminhada), mas devido às fortes dores causadas por um quadro de fascite plantar (que posteriormente veio a ser constatada como uma fratura de stress no calcâneo), e de um diagnóstico de degeneração óssea, não estava conseguindo correr.

Minutos antes da largada, me lembrei de uma conversa com o Leonardo, que é adepto da modalidade Barefoot (pé descalços) e tem um ótimo BLOG a respeito do tema. Naquela conversa, ele havia me contado que sentia muitas dores na região dos calcanhares e canela quando corria de tênis. Uma das diferenças entre correr descalço e de tênis é que: descalço, o atleta pisa inicialmente com a parte da frente do pé; e de tênis, pisa primeiro o calcanhar, sobrecarregando essa área, que é justamente a parte afetada pela minha suposta "fascite plantar".
Sendo assim, resolvi de última hora, tirar o tênis e fazer os 5 km descalço, mesmo que no trotinho.

            Minha primeira participação descalço...e suas consequências.
 
Essa foi minha primeira experiência como barefoot. A partir daí, participei de outros eventos, também descalço. Apesar das muitas lesões iniciais, me senti tão bem com esse contato direto com o ambiente através dos pés, que decidi que, na medida do possível, não iria usar mais calçados.

Depois dessa corrida, saí com os pés arrebentados, devido à péssima qualidade do asfalto da cidade. Por indicação do Professor Adolfo, fiz uma HUARACHE para estas provas mais cascudas. Saiba como fazer a sua AQUI!

Na minha terceira corrida descalço, já segui o conselho do Prof. Adolfo. Levei a huarache na mochilinha, mas não foi preciso usá-la.
Na minha quarta participação descalço, com as solas dos pés mais resistentes, a maior dificuldade não foi o asfalto, mas o frio e a altimetria pesada.

É claro que deve-se tornar muito cuidado com o lugar onde se anda descalço, devido ao risco de objetos perfuro-cortantes. Na maioria dos lugares urbanos, o chão é completamente sujo e contaminado, nos expondo ao risco de contaminação por fungos, bactérias, parasitas e até mesmo vírus. Mas é nesse caso que entra um calçado minimalista, que simula uma pisada natural.

Aqui nem ousaria a correr descalço, e não sei se um dia vou conseguir correr 42 km assim. Mas foi nessa viagem que comprei meu primeiro minimalista: Adidas adiPure Trainer 1.1. Na verdade, só fiquei sabendo do nome correto do calçado, por informação do Prof. Adolfo. Até então, para mim era tudo five fingers...

Primeira corrida com o Adidas adiPure Trainer. Fiquei muito satisfeito, pois, me proporcionou uma performance melhor do que descalço, devido a segurança com relação a objetos perfuro-cortantes. Também não saí com os pés cheios de bolhas geradas pelo impacto/atrito direto com o chão.

Estou na fase de transição do tênis para o barefoot. Minha mente já não aceita usar tênis e tenho andado só de adiPure. Quando não puder andar descalço no dia-a-dia, será assim que andarei.

Agora sinto relevos de pequenos objetos que não sentia antes, como uma folha, uma pequena pedra, uma semente no chão. Tanto descalço quanto com o adiPure.
Sinto que meus pés ficaram livres de alguma coisa que não é natural!

A "pose" que faço nas fotos, e que é para exibir os pés descalços, é baseada nas posições "Tadasana", do Yoga. É uma posição que aprendi quando fazia bodybalance, e tem a função de melhorar a postura, equilíbrio, flexibilidade dos tornozelos, joelhos, quadris, e prevenção de hérnia.

Leia também:
 Pé Descalço: liga-nos ás forças da Terra e Fortalece o Corpo, Mente e Alma - Por Marcio Santos

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9 comentários:

  1. Pés descalços... Namastê, meu amigo!!!!
    Abs
    Valeria Spakauskas

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  2. também uso a five finger e indico, muito massa seu blog Daniel, grande abraço.

    Flávio Chaves

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  3. Muito bom!
    E tenho que fazer esta pose também. De olhos fechados.

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    Respostas
    1. De Olhos Fechados nem o Kubrick conseguiu fazer, rssss.

      Obrigado!

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  4. Oi Daniel,
    Admiro sua disposição e sua capacidade de adaptação.
    Você não tem feito por você e quando quiser conversar com o Grupo de Apoio, será muito enriquecedor para nós que passamos a acompanhar suas postagens e ideias.
    Em setembro teremos o lançamento da campanha RUN FOR PARKINSON- 2014 e colocaremos em prática o que for possível de suas ideias.
    Conto com o seu apoio.
    Obrigada

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  5. É interessante o contato com a natureza. Hoje estamos adaptados aos calçados, mas pisar no chão com certeza é benéfico para o corpo. Contudo, andar descalço nas ruas de hoje é meio complicado devido as varias experiencias que vc mesmo teve. Realmente é necessária uma adaptação!! Parabéns e sucesso nesta empreitada!!

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